Brasília Apesar de estar em uma região sem grandes conflitos, o Brasil deu abrigo em 2009 para 4.294 refugiados procedentes de quatro continentes, em sua maioria africanos, revelou um relatório das Nações Unidas divulgado ontem em Brasília.
Segundo o estudo Tendências Globais 2009, elaborado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), a maior parte dos refugiados do Brasil no ano passado veio de Angola, com 1.688 pessoas. Há também 589 colombianos nessa condição. "Aqui eles se sentem tranquilos em relação à sua raça, religião ou grupo social, o que nos deixa muito felizes, porque é o resultado da hospitalidade do povo brasileiro", afirmou Renato Zerbini, coordenador-geral do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) do governo brasileiro.
O maior país da América Latina recebeu refugiados da África (2.798), da América (959), da Ásia (443) e da Europa (98). Zerbini apresentou os dados sobre refugiados no Brasil junto a autoridades da Acnur.
O informe mundial dessa entidade da ONU contabiliza em 43,3 milhões o número de pessoas obrigadas a se deslocar de seus países em 2009, por causa de conflitos ou perseguição. Trata-se do maior número de deslocamentos forçados desde meados da década de 1990.
Após Angola e Colômbia, os países que mais enviaram refugiados ao Brasil são a República Democrática do Congo, com 420, a Libéria, com 259, e o Iraque, com 199.
O prolongamento de conflitos pelo mundo, segundo o estudo, reduziu ao nível mais baixo, nos últimos 20 anos, o número de pessoas que retornaram ao seu país de origem por vontade própria. "Conflitos importantes, como no Afeganistão, na Somália e na República Democrática do Congo não mostram sinais de solução e conflitos que pareciam estar terminando ou em vias de serem solucionados, como no sul do Sudão ou no Iraque, estão estagnados. Como resultado, 2009 foi o pior ano, em duas décadas, para a repatriação voluntária", analisou o Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres.
Segundo o documento, em 2009, apenas 251 mil refugiados voltaram para casa enquanto, nos últimos dez anos, o número anual chegou a 1 milhão de retornos para o país de origem. "A maioria dos refugiados do mundo tem vivido no exílio há cinco anos ou mais. Inevitavelmente, esta proporção crescerá, uma vez que menos refugiados têm condições de retornar para casa", complementou Guterres.
O documento revela que um número cada vez maior de refugiados está vivendo em nações em desenvolvimento, "o que contrasta com a percepção comum de que estas pessoas estariam inundando as nações industrializadas", diz o estudo.
DESLOCAMENTOS
64%
dos refugiados que vieram para o Brasil em 2009 são africanos. A maior parte deles veio da Angola, com um total de 1.688 pessoas. Os colombianos (589) vêm em segundo lugar
43,3
milhões de pessoas foram obrigadas a deixar seus países no ano passado por causa de conflitos ou perseguição. Esse foi o maior número de deslocamentos desde 1990
FONTE: Diário do Nordeste
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