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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Melhor do Enem, Vértice tem professores dedicados

Mensalidade é de R$ 2.756 e as aulas são período integral no 3º ano

Às 07h41

Corpo docente dedicado e com baixa rotatividade, aulas extracurriculares e participação dos pais compõem a fórmula de bom desempenho do Colégio Vértice, de São Paulo, no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). A escola obteve média total provas objetivas e redação de 749,70 no exame de 2009, a melhor do país, segundo dados divulgados pelo MEC (Ministério da Educação) nesta segunda-feira (19).

O colégio particular de Campo Belo, na zona sul de São Paulo, já apareceu no topo do ranking do Enem de São Paulo nos últimos anos e desta vez deixou para trás mais de 17 mil instituições do país com notas acima da média – que em 2009 foi 500.

Segundo o diretor, Adilson Garcia, o resultado do exame é “um prêmio à equipe e fruto de um trabalho extenso”. Ele diz que não há preparação focada no Enem na proposta pedagógica do colégio. O objetivo é “educar para a vida” e o exame e o vestibular, “são apenas um dos componentes do projeto educacional”.

Equipe

Um dos grandes diferenciais do colégio está na dedicação do corpo docente, afirma o diretor. Para ele, “um prédio bonito não basta”. Ao chegar à escola, o professor recebe uma linha mestra com a proposta pedagógica, e uma determinada autonomia para propostas de inovações. Além disso, a rotatividade de profissionais é “baixíssima”, o que garante a continuidade do trabalho desenvolvido nos anos anteriores.

- Senão, o trabalho fica comprometido.

Dos cerca de 90 educadores no colégio, 25% têm mestrado. À frente da sala, de turmas mistas - com estudantes das áreas de biológicas, exatas e humanas – o professor ensina para no máximo 30 alunos.

Carga horária puxada

Com mensalidade de R$ 2.756, as aulas do Vértice são integrais no último ano do colégio. São 55 aulas semanais, de segunda a sexta-feira, de 50 minutos cada, mais um simulado aos sábados.

O aluno Giulio Bruno, 17, diz que “estuda tanto" na escola que, ao chegar em casa, a única coisa que pensa em fazer é dormir. Mesmo assim, o estudante que vai fazer vestibular para administração diz ter tempo para tocar guitarra, cantar e jogar futebol.

- Em semana de prova é mais desgastante, porque temos quatro (provas) por dia. Daí, como não tem aula à tarde, estudo em casa, das 14h às 22h30.

Mas ele não vai fazer o Enem neste ano.

- Não vou fazer o Enem porque como a USP não vai usar, prefiro não me desgastar. Antigamente o Enem era uma prova que você tinha que usar um pouco mais a cabeça, hoje é mais resistência. É muito longa, tem muito texto, muito tempo, e isso cansa muito.

Aulas extracurriculares

São diversas as opções de aulas fora da grade obrigatória. Teatro, dança, leitura de contos, xadrez, futebol, culinária, jogos e brincadeiras também fazem parte do dia a dia dos estudantes. Segundo o diretor, a proposta ajuda a fazer da escola um local de convívio saudável e aprendizado diverso.

Escola de pais

A relação com a família dos alunos é próxima. Apesar de não possuir uma ouvidoria, há reuniões frequentes e a chamada Escola de Pais, para que eles também possam frequentar a “segunda casa” dos filhos.

Em determinado bimestre do ano, um tema pedagógico é escolhido para a realização de um ciclo de palestras com convidados, como o teólogo Leonardo Boff.

História

Há quase 34 anos na capital paulista, o Vértice tem uma história de afetividade com quem passa por suas aulas de aula. Os antigos alunos são os pais dos estudantes de hoje, que procuram a escola com referência na qualidade de ensino que tiveram e, de “indicativos a mais, como o do Enem”, conta o diretor Garcia

- Por incrível que pareça, há muitos pais que chegam aqui para matricular os pequenininhos pensando no vestibular.

Sisu

Apesar do excelente resultado no Enem, dos quase 70 alunos do 3º ano do ensino médio do ano passado apenas seis se inscreveram no Sisu (Sistema de Seleção Unificada) que seleciona alunos para universidades pela nota do Enem. O diretor diz que “até tentou motivá-los”, mas não teve muito sucesso.

- Acho que o Sisu é algo muito novo na educação brasileira; ainda não conhecemos muito bem seu resultado. Penso que a prioridade dos nossos alunos ainda vai continuar sendo Fuvest, Unicamp e Unesp. Se essas universidades aderirem ao programa, aí sim a participação vai ser maior.

É exatamente o que dizem os alunos entrevistados. Daniel Tong, 17, e Ana Flávia Franco,17, dizem que vão fazer o Enem este ano porque a nota ajuda a entrar na universidade em que desejam estudar, a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos). Os dois são candidatos de engenharia e reclamam da prova, dizem que é “fácil, porém muito cansativa”.

Pior escola

Na outra ponta do ranking, como a nota mais baixa do país, está a Escola Estadual Indígena Dom Pedro I, no Amazonas. O colégio fica na zona rural do município de Santo Antônio de Içá, a 888 km de Manaus. Dos 58 alunos matriculados no 3º ano do ensino médio, 40 participaram do Enem 2009, mas ficaram mais de 24 mil posições abaixo da melhor escola.

Até a publicação desta reportagem, a Secretaria Estadual de Educação do Amazonas não foi encontrada para comentar o desempenho da instituição.


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