'







sexta-feira, 18 de junho de 2010

• GREVE DE ÔNIBUS: Sindiônibus ameaça demitir motoristas por justa causa

NA Parangaba, durante a manhã de ontem, o movimento foi considerado tranquilo e sem protestos

Um novo capítulo vivido ontem, em mais um dia de greve, pode desencadear sérias consequências

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus) se manifestou por meio de nota, ontem, após protesto, sobre a operação "Catraca Livre" promovida pelos rodoviários (motoristas, trocadores e fiscais), acusando a categoria de ter promovido "evasão de receita", o que pode desencadear em demissões por justa causa.

Após realização, ontem, de mais uma de suas assembleias - no décimo dia de greve, quando foi decidido pela continuidade do movimento -, o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Ceará (Sintro) resolveu, apoiado por três centrais sindicais, realizar protesto denominado por ele de "Catraca Zero".

A operação consistiu em fazer com que motoristas abrissem as portas do meio e dianteira de seus respectivos ônibus, tanto os de Fortaleza quanto os da Região Metropolitana, nas principais paradas do Centro e também próximo ao Shopping Benfica. O objetivo foi permitir que os passageiros subissem sem nada pagar.

Na nota divulgada ontem, o Sindiônibus acusou, de fato, o Sintro de ter promovido "uma passeata marcada pela ilegalidade. Parando ônibus em operação e orientando motoristas e cobradores a liberar a entrada ´pela frente´, a diretoria do Sintro põe em risco direto os empregos dos funcionários que aderirem a tal movimento".

Abuso

De acordo com o sindicato patronal, tal ação caracteriza mais um abuso desta greve. "Tanto a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) quanto a própria Lei de Greve (7783/89) preveem demissão por justa causa em caso de evasão de receitas, pois lesa o patrimônio privado das empresas de ônibus", explica, na nota, o advogado Cleto Gomes. Ele acrescenta, ainda, que a própria regulamentação de transportes do Município estabelece que é dever funcional de motoristas e cobradores evitar a evasão de receitas.

"Estamos preocupados com os trabalhadores nesta situação, pois estão sendo incitados pelo Sintro a praticar faltas graves que rompem seus contratos de trabalho e que, por isso, trazem consequências para eles", considera o diretor técnico do Sindiônibus, Dimas Barreira. Ele diz, ainda, que "não é de nossa vontade (Sindiônibus) proceder com demissões, mas uma atitude tão drástica não pode ser tolerada e as providências precisam ser tomadas imediatamente", acrescenta.

Justiça

Por meio de sua assessoria de imprensa, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) informou que a Justiça está se manifestando a partir das informações que recebe da Etufor. Portanto, está mantida multa de R$ 90 mil aplicada ao Sintro pelo descumprimento da determinação de manter percentual mínimo da frota circulante na greve. A decisão, porém, não é definitiva: tanto a multa pode aumentar, caso novos relatórios apontem o desrespeito dos grevistas; como o Sintro pode contestar o valor definido. O TRT acrescentou, ainda, que o órgão continuará monitorando a situação mesmo com a posse do novo presidente, o desembargador Cláudio Soares Pires, hoje, às 17h.

Circulação

10º
dia do movimento apresentou percentuais de 56,61% a 66,48%, próximos aos 70% determinados para os horários de pico, segundo a Etufor

MINISTÉRIO DO TRABALHO
Procurador diz que greve pode virar conflito civil incontrolável


Um dia depois dos conflitos verificados no Terminal de Parangaba, o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho, Francisco Gerson Marques de Lima, compareceu ao palco da violência e manifestou mais uma vez sua inquietação com os reflexos da greve de motoristas, fiscais e cobradores junto à sociedade. "É bastante preocupante o que aconteceu, pois o que vimos foi um conflito civil que pode ficar incontrolável. A população está sofrendo e não aguenta mais. É difícil controlar uma massa nessa condição".

Na última quarta-feira pela manhã, populares inconformados com o tratamento dispensado por motoristas por causa da greve, perderam a paciência, fecharam o terminal, depredaram ônibus, secaram pneus e entraram num violento choque com a Guarda Municipal.

Gerson Marques apelou a motoristas e empresários que procurem retomar a negociação, o que seria bem visto por todos os segmentos. "Não pudemos descartar um outro episódio como esse, daí ser importante o diálogo entre as partes. Teremos o jogo do Brasil no próximo domingo e não se sabe o que pode acontecer", alertou.

Uma notícia ruim para a população foi dada pelo procurador. Segundo ele, a paralisação, que completa hoje o seu 11º dia, entrará na terceira semana, já que o seu parecer sobre as questões levantadas por patrões e empregados no dissídio são inúmeras e precisam de uma apreciação minuciosa. "O processo é bastante volumoso e inclui o pedido de várias liminares".

O procurador solicitou à administração do terminal as imagens do conflito registrado no dia anterior no terminal. "De posse das imagens e após uma análise mais detida, realizaremos um relatório sobre o triste episódio dessa quarta-feira".

Ontem, o Terminal da Parangaba era só tranquilidade. Nem mesmo os protestos veementes desde o primeiro dia de greve foram verificados. Até os usuários preferenciais estavam conseguindo entrar pela porta da frente em algumas linhas no horário de pico.

"Parece que a confusão de ontem (quarta-feira última) serviu para alguma coisa", apontou o mecânico Henrique Campelo da Silva. "Saí de casa hoje um tanto temeroso, pois vi pela TV as imagens da confusão. Foi chocante. Graças a Deus, hoje está tudo normal", ressaltou.

TUMULTO NO TERMINAL
Etufor culpa ´grupo com ação articulada´


Após manifestação realizada, na manhã da última quarta-feira, no Terminal da Parangaba, em que quatro pessoas saíram feridas - três guardas municipais e um manifestantes - a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) disse que vai encaminhar as imagens da CTAFor e do circuito interno do terminal ao Tribunal Regional do Trabalho, 7ª Região, para que sejam anexadas ao processo da greve dos motoristas, fiscais e cobradores de Fortaleza.

De acordo com o presidente da Etufor, Ademar Gondim, as imagens mostram que as pessoas que partiram para a desestabilização do sistema de transporte público não eram passageiros, mas um grupo com ação articulada. "O comportamento observado não é o padrão dos passageiros".

Para ele, o usuário dos coletivos está interessado apenas na conclusão do seu trajeto e não em perturbar a ordem pública. "É lamentável", diz o presidente da Etufor.

As imagens serão analisadas por autoridades policiais, e os envolvidos, responsabilizados.

O diretor-geral da Guarda Municipal, Arimá Rocha, comunga da mesma opinião. Para ele, é muito difícil aceitar que o usuário de transporte público possa fechar o acesso de um terminal. "Isso foi um ato organizado politicamente", destaca.

Cinco manifestantes presos na quarta-feira foram levados ao 5º DP da Parangaba e poderão ser indiciados. Segundo Rocha, foi feito um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e as pessoas foram autuadas.

O presidente da Etufor respondeu à acusação feita pelo assessor político do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Ceará (Sintro), Valdir Pereira, de que os relatórios enviados pelo órgão ao Tribunal do Trabalho só contabilizavam os ônibus que continham GPS.

Segundo Ademar Gondim, apenas uma empresa, que é a São José de Ribamar, com 66 ônibus, não possui o sistema nos veículos, porém, os dados dessa empresa são acrescentados aos relatórios. "Jamais emitiríamos um documento sem veracidade", frisa.

Fonte: Diário do Nordeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário