Pesquisa divulgada com exclusividade pelo Diário do Nordeste é oficializada agora pela Anvisa em todo o PaísLimoeiro do Norte. O País inteiro agora foi avisado de que frutas, verduras e legumes estão chegando envenenados à mesa dos consumidores. Agrotóxicos proibidos ou acima do limite permitido tiveram seus resíduos encontrados em alimentos coletados na última pesquisa do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para) em 26 Estados do País. É a décima edição do programa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a primeira grande participação do Ceará. O pimentão é o campeão nacional e estadual de contaminação. A pesquisa, anunciada oficialmente na última quarta-feira em Brasília, foi divulgada pelo Caderno Regional, com exclusividade, um mês e meio atrás.
Foram coletadas 3.130 amostras de frutas, verduras, legumes e grãos vendidos em feiras e supermercados dos principais centros urbanos de 26 Estados. Apenas São Paulo, que tem método próprio de avaliação dos resultados, não teve os dados divulgados. A pesquisa analisou a presença de 234 tipos de agrotóxicos em 20 culturas. Das amostras coletadas, 29% apresentaram problemas, como uso de defensivos proibidos para a cultura, sem registro no País ou acima do limite permitido pela legislação. Um dos dados mais preocupantes foi a constatação de que em 15 das 20 culturas analisadas foram encontrados resíduos de agrotóxicos em processo de reavaliação pela Anvisa e já banidos no exterior devido o alto risco à saúde humana. Em 2008 a lista de agrotóxicos em reavaliação apontou que esses produtos causam câncer, distúrbios neurológicos e no sistema endócrino. Conforme divulgou série de reportagem publicada no Caderno Regional nos meses de abril e maio deste ano, o Brasil é o campeão mundial de agrotóxicos, produtos vendidos e utilizados de forma indiscriminada, abusiva e que cresce ao lado de casos de doenças registradas nos principais municípios produtores, como é o caso de Limoeiro do Norte. Dos 14 agrotóxicos que a Anvisa reavalia, 12 já foram banidos em outros países. O metamidofós, que virou lixo na Europa e na Ásia, teve aumento triplicado de sua venda no Brasil até 2008. Foi grande a constatação de resíduos de Endossulfan em pimentão e pepino.
A atual pesquisa coloca o pimentão pelo segundo ano consecutivo de campeão de contaminação: pelo menos 80% das mostras foram consideradas insatisfatórias. Depois estão uva (56,4%), pepino(54,8%) e morango (50,8%). No Ceará a ordem foi a mesma, e de seis coletas realizadas de pimentão, cinco apresentaram dados insatisfatórios. A coordenação estadual do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos enviou 135 amostras das 20 culturas analisadas para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) de Minas Gerais, Goiás e Paraná, por onde passaram todos os produtos dos Estados. Cada cultura teve, em média, sete amostras coletadas.
No resultado nacional, batata, banana, feijão e maçã apresentaram os menores índices de contaminação. Nos dados do Ceará, banana, laranja e manga foram os únicos que tiveram todas as coletas satisfatórias. Para os resultados insatisfatórios (a maioria) não existe consequência punitiva, mas de acordo com a coordenadora do Para no Ceará, Alexsandra Castelo Branco, serve de alerta para os Estados reverem suas legislações sobre o uso de agrotóxicos.
Uma péssima constatação para o consumidor: a lavagem das frutas e verduras com água e hipoclorito de sódio higieniza de outros males, mas não remove os agrotóxicos contidos. Outra é saber que o alimento está contaminado não significa dizer de onde vem a contaminação. De acordo com a Anvisa, das mostras coletadas, apenas 26,9% foram rastreadas até o produtor. Ou seja, a maior parte das frutas, verduras e legumes em milhares de pontos de venda do Brasil não tem a origem identificada. Isso aconteceu na Região Metropolitana de Fortaleza com a maioria dos supermercados investigados - menos de 20% identificam de onde vem o vegetal vendido.
No ano passado, a Secretaria da Saúde do Estado baixou portaria para o rastreamento da origem de todos os produtos vendidos no Estado. "É preciso combater o problema dede a sua origem", afirma Alexsandra Castelo Branco. Os principais órgãos ligados à saúde, agricultura e meio ambiente do Ceará intensificaram reuniões em maio para discutir a política de agrotóxicos, produto amparado por defasada lei de 1993.
Fonte: Diário do Nordeste
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